O que é?
A Síndrome de Dor Complexa Regional (SDCR) não é uma doença muito conhecida, porém é uma das condições dolorosas mais difíceis de se tratar. Entre seus principais sintomas estão dor neuropática intensa em queimação ou choque e hipersensibilidade ao toque.
Em 1994 a IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor), diante dos numerosos nomes para esta dor: Distrofia Simpático Reflexa, Causalgia, Algodistrofia ou Atrofia de Sudeck, Síndrome ombro-mão, Distrofia simpática pós-traumática, estabeleceu critérios para o seu diagnóstico e a classificou como síndrome, definindo-a em dois tipos:
SDCR Tipo 1. Ocorre após uma doença ou lesão em que não houve dano neural. Representa 90% das pessoas com Síndrome Complexa de Dor Complexa Regional.
SDCR Tipo 2. Ocorre após lesões nas estruturas nervosas.
Geralmente, a SDCR acontece após uma lesão ou fratura que evolui com uma dor desproporcional ao evento causador. Ainda não há consenso quanto às causas específicas e o mecanismo de desenvolvimento da doença. Em mais de 60% dos casos descritos em adultos há história de trauma. Segundo Owolabi e cols., cerca de 65% dos casos estão relacionados com trauma, normalmente por fratura, 19% no período pós-operatório, 2% após processos inflamatórios e 4% após outros fatores desencadeantes como punção venosa. Não há evidências de que existam fatores de risco que predisponham o seu desenvolvimento, embora a imobilização possa atuar como fator de lesão quando permanece por período prolongado.
A SDCR acomete geralmente uma das extremidades do corpo: cerca de 60% dos pacientes apresentam a enfermidade em um membro superior; 40% no membro inferior. Trata-se de patologia que afeta principalmente mulheres em uma relação de 3:1. Em adultos, a média de idade de acometimento é de 41 anos.
Além da dor, a doença cursa com sinais clínicos de disfunção autonômica, que leva à mudança de cor, temperatura, pilificação, transpiração, além de inchaço na extremidade envolvida. Estas mudanças são chamadas de mudanças vasomotoras e estão relacionadas a uma disfunção dos nervos simpáticos.
O desenvolvimento da doença é dividido em 3 fases. Na fase 1, há dor latejante, alodínia (hipersensibilidade ao toque) e alterações vasomotoras. A fase 2 se caracteriza por piora do inchaço e espessamento da pele. Na fase 3, acontecem alterações atróficas e disfunção, como limitação do movimento, rigidez e atrofia do membro.
O diagnóstico é baseado em critérios clínicos: 1. Trauma prévio com ou sem lesão de nervo; 2. Dor desproporcional em relação ao evento causal; 3. Edema, alterações da temperatura ou da sudorese local, alterações tróficas distais; 4. Outros diagnósticos excluídos.
O paciente com SDCR desenvolve um grande medo de que alguém ou algo toque a área afetada pela doença. O contato com a água, durante o banho, ou até mesmo o contato com a roupa, geram uma dor insuportável.
Quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores são as chances de sucesso. O tratamento para SDCR deve envolver a atuação de uma equipe multiprofissional, contando com medicina da dor, fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional.
Além do tratamento medicamentoso, os bloqueios simpáticos são procedimentos viáveis para promover o controle da dor. A fisioterapia e terapia ocupacional são essenciais para promover uma gradual utilização da área envolvida, bem como promover a dessensibilização. Exercícios físicos também são indicados nesse sentido.
REFERÊNCIAS;
Pain Wise: a patient’s guide to pain management – cap. 18 (Kloth D, Trescot A e Riegler F.).
Dor: Princípios e Prática – cap. 55 (Sakata RK).
Distrofia simpático-reflexa – Lotito APN et al, Jornal de Pediatria – Vol. 80, no 2, 2004.
Síndrome Dolorosa Complexa Regional: epidemiologia, Fisiopatologia, Manifestações Clínicas, Testes Diagnósticos e Propostas Terapêuticas – Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 52, Nº 5, setembro-outubro, 2002.
Distrofia Simpática- Reflexa, Marta Oliveira et al, Acta Med. Port. 2011; 24(6):1091-1096.
Síndrome dolorosa regional complexo Tipo I, Filipa Teixeira e col., Acta Reumatol Port. 2012; 37:86-90.
Obrigada pela divulgação pois as pessoas que sofrem a DSR ficam a mercê de um tratamento adequado muitas vezes desconhecido por muitos profissionais e pessoas em seu entorno.Sou portadora desde 2016.O membro afetado foi a mão direita após fratura de punho .Me encontro na fase 3 que é a atrofia.Os medicamentos são muito fortes e os bloqueios não são alternativas duradouras.Demorei encontrar tratamento e especialista adequado.Hoje sou assistida,via chamada de vídeo por uma TO de BH.Estou mais confiante.Obrigada!
Oi Cecília
Fico feliz, pois essa dor é muito incapacitante. Os colegas da neurocirurgia estão tendo ótimos resultados com o implante de eletrodos medulares. Talvez vale a pena passar em avaliação.
Por favor, pode me dizer como você está e o contato do seu médico. Estou com dores terríveis. Obrigada
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