É uma das causas mais comuns de dor musculoesquelética e consiste em uma desordem regional neuromuscular caracterizada pela presença de locais sensíveis nas bandas musculares contraturadas/tensas que produzem dor de média a grande intensidade, referida em áreas distantes ou adjacentes. Pode ocorrer em ambos os sexos, com maior incidência nas pessoas acima dos trinta anos de idade, especialmente nos atletas.
Pode acometer qualquer parte do corpo, mas é mais frequente em regiões como coluna cervical, ombro, coluna dorsal e coluna lombar. Os principais fatores etiológicos são trauma e sobrecarga. Outros fatores que contribuem para o surgimento e perpetuação da dor são esforço físico, postura inadequada, alteração anatômica, hábito não-funcional, imobilização, estresse, distúrbio do sono e falta de nutrientes.
A característica básica da Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) ou também chamada de Dor Miofascial, consiste em dor localizada, associada a bandas musculares tensas palpáveis, nas quais encontramos um ponto miálgico intensamente dolorido, o “Ponto Gatilho”. São assim denominados pois, como o gatilho de uma arma, “disparam” a dor de maneira adjacente ou distante da sua localização.
Os pontos-gatilhos são um foco de hiperirritabilidade no músculo e/ou fáscia, causando um padrão de dor referida específico para cada músculo. Produzem dor espontânea ao movimento, restrição da amplitude de movimento, sensação de diminuição da força muscular, dor à palpação e bandas musculares tensas (contraturadas, endurecidas) que são hipersensíveis. Os pacientes percebem-na como um dolorimento/desconforto profundo, do tipo câimbras, queimação, choque ou fisgadas e geralmente referem a presença de nódulos na região da dor. Geralmente, a dor inicia-se de maneira súbita, associada a esforço muscular, mas pode ser gradual e relacionada a esforço repetitivo.
A região dolorosa nem sempre coincide com o Ponto Gatilho, cada músculo do corpo tem o seu padrão de dor referida, como podemos observar na imagem a seguir. As marcações em “x” correspondem ao Ponto Gatilho no músculo trapézio e as regiões avermelhadas representam o local dos sintomas dolorosos.
Nesta próxima imagem, observamos um paciente cujos Pontos Gatilho estão marcados por um ponto na cor preta no músculo esternocleidomastóideo à direita e a região avermelhada representa os locais de dor referida.
Nas clínicas especializadas em dor, entre 30 e 85% dos pacientes apresentam essa síndrome, enquanto que em clínicas gerais ocorre em cerca de 30% dos pacientes. Comumente confundida com fibromialgia, a Síndrome Miofascial muitas vezes não é identificada pelos médicos, o que dificulta seu tratamento. É comum o paciente passar por vários especialistas antes de procurar o médico fisiatra, com quadro de dor crônica, falhas das abordagens tradicionais de tratamento, inúmeras medicações, múltiplos tratamentos e alívio temporário dos sintomas. Na suspeita, procure o médico especialista em reabilitação e dor, o médico fisiatra, que poderá indicar o tratamento farmacológico e não farmacológico, com auxílio de procedimentos para o controle da sua dor, como terapia por ondas de choque, agulhamento seco, mesoterapia, toxina botulínica e infiltrações articulares ou peri articulares. Uma das metas dos programas de reabilitação é inativar esses Pontos Gatilho e restaurar a função muscular normal.
O diagnóstico depende exclusivamente de dados clínicos: a história da dor e o exame físico. O diagnóstico de certeza é firmado quando quatro critérios maiores e pelo menos um critério menor são evidenciados. Não há, até o momento, nenhum método laboratorial ou de radio imagem que possa estabelecer com sucesso um bom padrão diagnóstico para esses pacientes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Simons DG, Travell JG, Simons LS. Dor e disfunção miofascial: Manual dos pontos-gatilho. 2 ed. Porto Alegre: Artmed; 2005. Borg-Stein J, Simons DG. Focused Review: Myofascial pain. Arch Phys Med Rehabil 2002; 83 (3 suppl 1): S40-7. Fricton JR, Kroening R, Haley D, Siegert R: Myofascial pain syndrome of the head and neck: A review of clinical characteristics of 164 patients. Oral Surg 60:615-623, 1985. Hong C-Z. New trends in myofascial pain syndrome. Chinese Medical Journal (Taipei) 2002; 65:501-12. Hong CZ, Simons DG. Pathophysiologic and electrophysiologic mechanisms of myofascial trigger points. Arch Phys Med Rehabil 1998;79(7):863-72. Simons DG. Myofascial pain syndrome due to trigger points. In: Goodgold JJ, editor. Rehabilitation Medicine. St Louis: Mosby, 1988:686-723. Sergio Lianza, Medicina de Reabilitação, 4ª edição, 2015. Rioko Kimiko Sakata, Adriana Machado Issy, Dor, Unifesp, 2ª edição, 2008. Manoel Jacobsen Teixeira et al, Dor, Síndrome Dolorosa Miofascial e Dor musculoesquelética, 2006.
Boa tarde qual especialidade do médico para quem tem dor miofasial
Olá Flávia
Um médico que seja especialista em dor
De preferência um fisiatra.
Olá. Descobri que tinha essa síndrome há 6 meses. Mas estou tratando há anos sem saber o diagnóstico. Muitos médicos diziam que era fibromialgia, mas comecei a perder os movimentos do braço e perna esquerdos, aí mudei de especialidade, fui pro reumatologista, ele deu imediatamente o diagnóstico, daí comecei a fazer tudo que era preciso pra reabilitação e até o momento nada. Faço tudo que fazia antes do diagnóstico como: pilates, quiropraxia, agulhamento, ventosa, fisioterapia que consiste em alongamento e massagens. Confesso que estou desesperada, o último tratamento que iniciei foi o ozônio, melhorou muito a dor mas não acabou com ela, sem contar que o movimento não voltou e tenho sentido uma dor muito forte na panturrilha uma sensação de cãimbra o tempo todo que não passa. Quero recuperar o meu movimento de volta, minha vida mudou completamente, tipo tive que sair do emprego porque não tenho mais habilidade para digitar e realizar pequenas tarefas, além de sofrer todo o tempo com dor. Por último ouvi falar do tratamento com o botox, fiquei empolgada estou vendo a possibilidade.Gostaria de ouvir sua opnião sobre o meu problema. Por favor. Obrigada.
Oi Débora
A toxina botulínica (“Botox”) é sim uma opção terapêutica. Mas para indicar precisamos te avaliar em consulta. Você poderia agendar?